por quantumenergy
26 de Março de 2021 - 13h51
Se você gosta de séries, histórias em quadrinhos ou livros de ficção científica e fantasia, é quase certo que já viu alguns enredos que envolvem universos paralelos, outras dimensões e multiversos. O conceito está tão difundido na cultura popular que, talvez, qualquer pessoa sem nenhum contato com as mídias clássicas que abordam o tema — como HQs e livros de sci-fi — já deve ter alguma noção sobre o assunto, já que existem até músicas com fantasias sobre um mundo onde nossas decisões diferiram das que tivemos aqui, em nossa realidade.
A ideia é realmente fascinante e tentadora, tão tentadora que nem mesmo alguns dos cientistas mais sérios conseguem evitar ao encanto: em algum lugar, em outro universo semelhante ao nosso, uma versão de nós mesmos vive uma vida diferente da nossa. Essa versão conseguiu o emprego dos sonhos (que infelizmente não pudemos obter aqui), tem outra família, adotou um gato gente boa ou um cachorro comportado, torce para um time que vence mais campeonatos do que o time que torcemos aqui… e as possibilidades são infinitas!
É justamente disso que se trata parte da ciência séria por trás das teorias de universos paralelos — as possibilidades. É que, de acordo com algumas hipóteses sobre a matemática do universo, se existe a possibilidade de alguma coisa acontecer, como, por exemplo, uma determinada configuração de partículas, ela vai acontecer. Se extrapolarmos esse conceito, significa que cada possibilidade de decisões na nossa vida também deve se tornar real. O problema é que, na maioria das vezes, só podemos escolher uma das opções que a vida oferece o tempo todo.
Bem, para que todas as infinitas possibilidades aconteçam, infinitos universos precisam existir. E temos um bocado de hipóteses diferentes que tratam do assunto, com base nessa ou em outras premissas. Mas, antes de tratar disso em maiores detalhes, precisamos nos atentar a alguns conceitos. O universo que conhecemos contém tudo o que podemos observar — da poeira que está acumulando sobre seus móveis às estrelas, galáxias e buracos negros ao longo de todo o espaço-tempo. Até aqui tudo bem, certo?
Esse universo também é gigantesco, com cerca de 93 bilhões de anos-luz de diâmetro, de acordo com estimativas dos astrônomos. É impossível explorar toda essa imensidão, até porque ele continua se expandindo. Mas se ele tem esse tamanho hoje, quer dizer que ele é finito? Se for, será que não existe mais nada além? Será que ele se repete? Bem, pode ser que exista algo lá fora, como universos paralelos, universos em bolhas, universos filhos, entre outros conceitos. Os cosmologistas chamam essa ideia de multiverso — a soma de todos os universos que possam existir.
Mas nem todas as hipóteses são parecidas. Nem todas as ideias de outros universos sugerem que existam outras versões de nós mesmos. Além disso, as propostas surgem de diferentes correntes científicas, como a teoria das cordas e a mecânica quântica, ou a teoria da inflação cósmica, que atualmente é amplamente aceita como uma das principais hipóteses sobre a evolução do nosso universo. Todas essas teorias prevê a existência de um multiverso. Talvez isso seja um forte indício de que ele realmente exista — mas isso é extremamente difícil de levar para uma etapa importante de qualquer ciência: a observação.
O que é universo paralelo
Na cultura popular, chamamos de “universos paralelos” quaisquer mundos que existam além do universo convencional. Mas, para a ciência, existem terminologias bem específicas para cada explicação e conceito sobre como e porque tais “universos” poderiam se formar. Cada uma dessas hipóteses têm suas próprias explicações e argumentos que quase nos convencem de que, sim, há mais motivos para acreditar que exista algo além do nosso cosmos do que o contrário.
Especificamente, o termo “universos paralelos” costuma ser usado pelos pesquisadores da Teoria das Cordas. De acordo com a ideia das cordas, que visa conciliar a física quântica com a Teoria da Relatividade Geral, vivemos em uma realidade onde tudo é formado por cordas muito pequenas, imperceptíveis. Cada corda vibra de determinado modo, e juntas elas formam as partículas. Uma variante da Teoria das Cordas, chamada teoria M, sugere que cada partícula é, na verdade, um minúsculo laço de corda cujo padrão de vibração determina que tipo de partícula será.
No entanto, a teoria M requer que o universo tenha 11 dimensões, sendo que até agora, só podemos detectar quatro: três no espaço e referente ao tempo. Os proponentes da teoria M dizem que podem haver outras dimensões, mas assim como um ser que talvez viva apenas em duas dimensões seria incapaz de enxergar a terceira, também seríamos incapazes de enxergar a quinta, e adiante. Bem, na teoria M, as quatro dimensões em que vivemos são chamadas de “brana”, e talvez existam outras branas, formadas por determinadas dimensões, formadas pelas mesmas cordas.